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terça-feira, 17 de dezembro de 2013
Feliz Natal - Merry Christmas
Desejo a todos um Feliz Natal.
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quinta-feira, 12 de dezembro de 2013
Os Natais da minha infância, e a história de uma boneca que veio de Itália
Tudo
era bem diferente dos tempos que hoje se vivem, e a magia do Natal fazia-se
sentir de uma forma também ela bem distinta.
Para
mim, nascida e criada em Alenquer, tudo começava quando, ao longe, vislumbrava
na encosta sobranceira ao Convento de S. Francisco duas casinhas com luzinhas
coloridas nas janelas. Era o sinal inequívoco - qual Grândola Vila Morena
natalícia - de que a quadra festiva se aproximava a passos largos.
Da
minha casa, na Vila Baixa, afastada do centro, não se via o Presépio que desde
1968 se ergue na encosta, mas sempre que ia à rua ficava encantada com toda
aquela cor.
O
que mais me fascinava eram as montras das lojas (duas, se a memória me não falha)
que se enchiam de brinquedos.
Nessa
época, era costume os meus pais irem até Lisboa. Naquele tempo ir à capital era
dia de festa.
Recordo
que íamos de manhãzinha, de autocarro até Vila Franca de Xira, e depois de
comboio até Lisboa. Fazíamos compras, normalmente vestuário, ou calçado, e
depois ficávamos para almoçar no restaurante (coisa que eu adorava), e de tarde
assistíamos a uma matiné de cinema infantil, ou passeávamos até chegar a hora
de voltar para casa.
Ponto
de paragem obrigatório eram, claro está, as montras de brinquedos.
Eu
ficava perfeitamente extasiada com os brinquedos da Casa Bénard, Quermesse de
Paris, ou bem defronte desta última, a então Casa Pinóquio. Qualquer uma delas
me fascinava. Normalmente era naqueles momentos que eu “escrevia” a carta ao Pai
Natal, ou ao Menino Jesus, pois qualquer santinho me servia para acolher os
pedidos, e se os presentes viessem a dobrar, melhor!
Ali
ficava, horas a fio, a dizer aos meus pais:
-
Mãezinha, paizinho, olhem aquela boneca tão linda…e aquele conjunto de
chá em loiça tão querido que é…e o “Pai Natal”, e o “Menino Jesus” lá iam
anotando mentalmente os desejos…
Esta outra também é da Internet e foi tirada em frente à Quermesse de Paris. Julgo que, pelo tipo de brinquedos deva ser dos anos 40.
Por
vezes acontecia entrarmos nas referidas lojas, e eu lá ia toda satisfeita,
percorrendo os corredores que me pareciam sem fim, de nariz colado às vitrinas.
Normalmente,
via a minha mãe em alegre conversa com as funcionárias, mas estava de tal ordem
aturdida com os brinquedos, que nem queria saber do teor das conversas…
Só
mais tarde comecei a perceber que ela se inteirava dos preços…
Nas
décadas de 60 e 70, bonecas, triciclos, carros, cornetas e servicinhos, estavam
entre os preferidos da criançada. De notar que, em cada ano havia sempre um
brinquedo que se destaca nas vendas, e pelo que consegui apurar, no Natal de
1964, ano do meu nascimento, todas, ou quase todas as meninas queriam o mesmo
no sapatinho: um bebé-chorão (a moda pegou de tal forma, que eu também o tive,
uns anitos mais tarde). Nesse ano, só em Portugal, vendem-se uns inacreditáveis
200 mil, em lojas como a Bénard (das mais antigas, situada na Rua Garrett, fundada
em 1868), Quermesse de Paris, etc.
Em 1965,
a grande novidade são as pistas de automóveis eléctricas. Para além destas, os meninos andam loucos com os automóveis em miniatura – Dinky Toys.
Corria
o ano de 67, e a moda foram as bonecas que choravam e riam.
Quem
não podia pagar os preços das lojas de brinquedos, limitava-se a deslocar-se
até à Praça da Figueira, Largo de Camões e Rato, aonde alguns vendedores
ambulantes faziam negócio.
O plástico
é a grande revolução destas décadas. Bonecas e carrinhos de plástico. A lata é
substituída a pouco e pouco pelo plástico, e em alguns casos, há brinquedos que
apresentam ambos os materiais. São exemplo disso a máquina de costura, o ferro
e tábua de engomar, a batedeira eléctrica, entre outros. O preço final do
brinquedo fica mais barato. Ainda assim,
conta o Diário de Lisboa de 24 de Dezembro de 1965 que… o Natal é a época dos meninos que, felizes, escolhem dentro das lojas
os brinquedos que vão possuir e dos meninos que de fora, nariz esborrachado
contra o frio dos vidros das montras, olham os brinquedos que nunca terão…
E,
foi justamente na Casa Pinóquio, uma das já anteriormente citadas, e com os meus
oito anitos, altura em que já sabia como é que funcionava todo o esquema do Pai
Natal e Menino Jesus, que consegui “depenar” os ditos. Nesse ano, dentro da
loja, foram estas as palavras da minha mãe:
-
Sandrita este ano o Menino Jesus e o Pai Natal ficam depenados!
Bom,
convém dizer que ainda não se sabia o significado da palavra Troika…
E ficou
depenado sim senhor, com a aquisição de uma linda boneca italiana, a qual
continua a fazer-me companhia.
Eu, minha mãe e a boneca Katiucha
A
dita veio para as minhas mãos ainda antes do Natal. Foi baptizada de Katiucha
devido aos seus belos olhos cinza azulados. Brinquei com ela vezes sem conta,
sem nunca entender porque é que a boneca sempre que apertada na zona da barriga
(enchimento com espuma) fazia um barulho semelhante aos plásticos…aquilo era, e
foi um mistério, até há bem pouco tempo atrás.
Um
belo dia, enchi-me de coragem, e decidi-me a abrir a parte de trás da boneca
(havia uma pequena mola no revestimento de tecido que podia ser aberta, e pela
qual se acedia ao interior). Com muita cautela introduzi os dedos por ali
adentro e, para espanto de todos, o que “pesquei” foi nada mais, nada menos, do
que um saco de plástico com umas 100 gr de droga!
Conclusão
lógica:
-
Nos princípios dos anos 70 do século passado, entrava droga em Portugal,
provavelmente proveniente de Itália, escondida no corpo de inocentes bonecas.
O
porquê daquela ter escapado permanecerá para sempre um mistério!
A Katiucha actualmente, com roupagem diferente. Embora a roupa original não se tenha estragado, não a consigo encontrar em lado nenhum...
Peço
desde já desculpas aos meus leitores(as) pela má qualidade de algumas das fotos
mais antigas, mas como tenho o scanner avariado trata-se de fotografia da
fotografia…