Nas décadas de sessenta e setenta a minha mãe tinha por hábito ir à Missa, e claro, eu acompanhava-a. Já ao tempo, nenhuma daquelas ladaínhas me dizia fosse o que fosse, no entanto havia algo que apreciava sobremaneira; folhear o Missal e dentro deste encontrar os Santinhos. Ficava ali abstraída olhando aquelas cenas com Meninos Jesus, Nossas Senhoras com uns rostos lindos. Por vezes acontecia, principalmente aquando da Homilia, que não me entrava nos ouvidos...elevar a cabeça para o tecto das capelas ou Igrejas em causa, e quase arranjava torcicolos, pois percebi que o interesse estava justamente nas pinturas lá existentes e não na dita cuja Homilia...
Sabia de cor todos os cantos e recantos desses tectos, descobria rosas e malmequeres nas grinaldas,as carinhas dos anjos, os brasões, e tantos tantos outros pormenores. Hoje sei que se tratava primordialmente de caixotões de madeira pintada com alguma talha,sendo que um deles, o da Capela do Espírito Santo, bem no centro da Vila, teve de ser sacrificado devido ao mau estado de conservação...
Actualmente,todos esse Santinhos me foram dados pela minha mãe,aos quais se juntaram uns quantos do meu pai. Muitos deles contam histórias de acontecimentos familiares mais ou menos importantes, como é o caso de uma Crisma,uma operação,uma boa acção,etc. São alguns desses exemplares que hoje aqui vos deixo, frisando que a maioria deles eram oferecidos à crianças pelos párocos nas décadas de 40 e 50 do séc XX. Por exemplo, momentos como a Páscoa, o Natal, as confissões, ou a catequese, eram muitas vezes acompanhados dessas pequeninas imagens. Num tempo em que muito poucas crianças tinham acesso a livros de histórias, a oferta de um Santinho era visto como um tesouro valioso! Talvez por essa razão eles chegaram até mim em bom estado de conservação.
O Bom Pastor, datado de 1945, e ofertado a minha mãe, pela sua madrinha, aquando do então chamado Santo Sacramento da Crisma.
O Anjo da Guarda, foi ofertado à minha mãe pelo Padre Tavares aquando das idas à catequese, na década de 40 do séc. passado.
Anjinhos tomando conta do Menino Jesus. Foi oferecido ao meu pai pela Irmã Inácia quando, após a operação à apêndice lhe terem sido tirados os pontos.
Esta Nossa senhora com o Menino Jesus foi adquirida nas velharias aqui de Alenquer, mas curiosamente, e pela inscrição que apresenta na parte detrás,sei a quem pertenceu, e posso datá-lo dos anos 50 do séc.XX.
O Sagrado Coração de Jesus, é mais uma recordação da Irmã Inácia, e é talvez dos meus preferidos,pois trata-se de uma figura que tem na parte detrás um suporte de cartolina que permite colocá-lo de pé Tal como aconteceu com o Anjo da Guarda, também este se relaciona com a operação à apêndice do meu pai.
Nossa Senhora com o Menino. Adquirido nas velharias, datado dos anos 50 do séc. XX.
Uma Nossa Senhora da Conceição dos anos 40, pertencente à minha mãe.
Santinho dos ano 40.
O Bom Pastor -anos 50
Uma Virgem dos ano 50.
Santa Cecília. Um trabalho de extrema delicadeza, do qual não sei a proveniência. Certo é que terá sido executado por freiras, no séc XVIII.Nessa época havia tempo, mãos,arte, e vista para tanta minúcia. Recortado e pintado à mão. Encontrei-o no interior do Missal da esquerda ( séc XIX), o qual me foi oferecido pelo dono de uma das velharias aqui da terra. Dá-se-lhes o nome de Canivet, porque eram feitos com instrumentos cortantes.
Sagrada Família, pertencente à minha mãe, e datado de 1946.
Senhora com o Menino. Peça que não é maior que a cabeça do meu dedo polegar. Também este se encontrava no interior do Missal de séc. XIX.
Sagrado Coração de Maria. Mais uma vez , um dos exemplares encontrado no Missal de séc. XIX. Presumo que seja uma peça de finais de séc XIX, princípios de séc XX.
Anjos guardando o Menino Jesus - anos 50
Mais uma vez o Bom Pastor.
Não resisto a colocar aqui um tema musical que, em meu entender, tem tudo a ver com a temática. É um grupo coral masculino, formado por rapazes e meninos. Chama-se Libera.e são originários do Reino Unido.
Ludmila Romanova é uma artista russa,da qual até agora não consegui encontrar na Internet quaisquer dados biográficos. Os seus trabalhos são de uma extrema minúcia e delicadeza.
Seja como for, são postais de enorme beleza!
Any of my Russians readers can provide information about this topic?
Quem não conhece a imagem do Pai Natal dos anúncios da Coca - Cola?
Aqui fica a história dessa personagem.
O Pai Natal da Coca-Cola, foi criado pelo artista americano de origem sueca, Haddon Sundblom. Esta imagem ficou famosa em todo o mundo, e ajudou a definir a aparência e personalidade do moderno Pai Natal. Entre 1931 e 1964, Sundblom criou a imagem do alegre homem barbudo que é conhecido por crianças e adultos.
A Coca-Cola pediu a Haddon Sundblom, ilustrador bem conhecido, que criasse um Pai Natal para a sua publicidade. Mais tarde, este confidenciou que, na época, recebeu US $ 1.000 por pintura - uma soma substancial para o tempo em que um carro de quatro portas podia ser adquirido por cerca de 700 dólares!
Esta é a primeira imagem do Pai Natal criado por Sundblom, a qual surge nos anúncios da Coca-Cola no mês de Dezembro de 1931.
A Coca-Cola decidiu criar anúncios que juntassem o Natal e o Pai Natal, porque as pessoas associavam a Coca-Cola como uma bebida de verão. Assim, este Pai Natal foi projectado para lembrar aos consumidores que a Coca-Cola podia ser bebida em qualquer época do ano!
Infelizmente, o original da primeira pintura a óleo de Sundblom não chegou aos nossos dias. O alto custo das telas aquando da Grande Depressão levou o artista a pintar sobre a imagem de 1931 para poder criar uma outra que surgiu pouco depois.
No ano de 1936, surge novo anúncio,em que o Pai Natal faz uma pausa para relaxar da árdua tarefa de entregar os presentes a todas as crianças.
A imagem é divulgada em plena Grande Depressão nos Estados Unidos, quando a ideia de um simples momento de prazer, e a lembrança de momentos felizes eram desesperadamente necessários.
Chegamos no Natal de 1937, e o novo cartaz mostra-nos um Pai Natal que se serve de um perna de perú deixada no frigorífico dos donos da casa, juntamente com uma Coca- Cola. Segundo parece, estas pinturas mostrando o Pai Natal a beber uma Coca-Cola, levaram a que, na noite de Natal, muitas famílias americanas começassem a deixar uma Coca - Cola para o Pai Natal, tradição essa que ainda hoje algumas mantêm.
Estamos no Natal de 1941. O cartaz de então revela-nos um pormenor interessante, pois o Pai Natal está ao lado de um frigorífico específico para guardar garrafas de Coca- Cola, o qual é bem típico dessa época.
Em 1949, a figura do Pai Natal criado por Haddon Sundblom tinha 18 anos, e sempre em lugar de destaque na publicidade da Coca-Cola. No entanto, esta pintura revela-nos uma nova criação de Sundblom, um elfo a que foi dado o nome de Sprite Boy, e que aparece a segurar as renas, enquanto o Pai Natal bebe a sua Coca-Cola.
Apesar da Coca- Cola já ser detentora de uma bebida cujo nome era precisamente "Sprite", não nos podemos esquecer que Sprite significa duende/elfo, e a figura era isso mesmo!
No ano de 1953, Sundblom pinta um cartaz com um dos slogans mais bem conseguidos e duradouros da marca:
- "A pausa que refresca". Este já havia sido criado em 1929, no entanto manteve-se até 1959.
No ano do meu nascimento, 1964, o cartaz que Sundblom cria é, em minha opinião, um dos melhores de sempre.
Sundblom, criou muitos outros cartazes que incluíram a figura do Pai Natal, os quais constituem ainda hoje uma imagem clássica desta quadra festiva.
Recuemos à segunda metade da década de 60 do século XX.
À data, eu tinha 3 anitos, e parte das férias de Verão eram passadas na Praia de Santa Cruz, local aonde para o efeito os meus pais alugavam casa.
Nesse ano a casa era térrea, com uma varanda corrida. Mesmo ao lado havia outra casa em tudo idêntica, também ela alugada para férias, com a mesma varanda, a qual se separava da nossa por um muro de três ou quatro tijolos de altura.
Os vizinhos eram um casal com um filho que na época teria os seus 11 anos. O garota gostava muito de crianças e fizemos amizade.
No dia em que as férias destes acabaram, o Fernando, a quem eu chamava de "Nando", ofertou-me uns singelos seis bonequinhos de plástico monocromáticos. Eram todos azul bébé. Gostei imenso deles, guardei-os religiosamente e sobreviveram até hoje.
Actualmente sei que se trata de brindes dos gelados da Olá dos idos anos 60. Por acaso encontrei na Net, no blog "Dias que voam" o cartaz publicitário que a eles fazia alusão.
Muito mais tarde, estando já na Faculdade, lembrei-me de os pintar com tinta de esmalte. Pesquisei as cores originais e meti mãos à obra. Nem sei se tomei a decisão certa, no entanto ficaram uma delícia!
Apresento-vos o Mickey e a Minnie.
O Donald e a Daisy.
O Goofy e Jiminy Cricket
Como seria de esperar, estes foram os primeiros de muitos, muitos mais!
Fui crescendo, e nas épocas balneares que se seguiram, sempre que ouvia o pregão "Rajá fresquinho! Fruta, ó chocolate!",virava-me de imediato para os meus pais para que me comprassem um gelado.
E, claro está, como não era só na praia que se vendiam gelados, a colecção foi aumentando. Quase todos os cafés tinham uma arca da Rajá, ou posteriormente da Olá, e no Verão aqueles gelados eram um manjar dos deuses!
Já no final dos anos sessenta, princípios de setenta, foi transmitida na TV uma série de seu nome " Carrocel Mágico" que fazia com que tudo o mais ficasse em suspenso. Personagens como o cão Franjinhas, Anita, o Saltitão, o caracol Ambrósio,o tio Realejo,etc, eram um deslumbre para a miudagem desses tempos.
Fui pesquisar e percebi que o original é francês, data de 1964, é da autoria de Serge Danot, e intitulava-se "La Ménage Enchanté". Pouco depois,é adaptada para a BBC, tendo sido exibida entre 1965 e 1977. Esta é a versão que foi passada entre nós,ainda a branco e preto.
Claro que a Olá, viu ali uma excelente oportunidade de promover as suas vendas, e colocou nos seus gelados brindes com as personagens da série.
Felizmente, esta vossa amiga ainda os tem todos,embora só tenha tido paciência para pintar três deles:
- Anita, Franjinhas e Ambrósio.
Não resisto a colocar aqui o genérico da série na versão inglesa.
Em 2005 esta série deu origem a um filme,com animação digital, "The Magic Rounabout", e ainda a uma nova série realizada com as novas técnicas digitais que foi exibida no canal inglês Nick Jr.
Também desta vez não me fiz rogada a adquirir o filme, assim como os novos bonecos, com um look muito mais moderno, em PVC, e óbviamente coloridos de origem...
Voltando aos brindes dos gelados, seguem-se inúmeros exemplares da Warner Brothers, Hanna Barbera,entre tantos, tantos outros!
A versão original monocromática de Bugs Bunny, e a pintada por mim.
Versão monocromática do caracol Ambrósio, e a mais incrementada a cores