Há já algum tempo que tinha vontade de fazer um post sobre Marlier. Este ilustrador marcou a minha infância. Tinha eu seis anos quando conheci o "Gato Pompom" e "Anita e a Festa de Anos". Fiquei fã para sempre!
Assim, aqui vos deixo esta brevíssima resenha sobre o "Pai" da Anita, que no original se chama Martine.
Marcel Marlier nasce a 18 de Novembro de 1930, em
Herseaux, na Bélgica, perto da fronteira francesa.
Aos dezasseis anos, inscreve-se no Curso de
Artes Decorativas na Escola de Saint-Luc de Tournai. Em Julho de 1951, termina
os seus estudos com distinção. Voltará a Saint-Luc como professor a partir de
1953.
Ainda estudante, Marcel Marlier é premiado pelo
seu talento ao vencer um concurso de desenho organizado pelas edições La
Procure de Namur, iniciando aí uma colaboração, que durará mais de 25 anos.
Para esta editora, ilustra, entre outras colecções, os dois manuais escolares
que mais marcaram uma geração de estudantes franceses: “Je lis avec Michel et
Nicole” e “Je calcule avec Michel et Nicole”.
Desde cedo foi influenciado pelas artes – o seu pai era carpinteiro, e o avô um popular
contador de histórias do bairro.
O primeiro livro que ficou encarregue de ilustrar foi o manual escolar Le
livre unique de français da colecção Stella, do qual, infelizmente, não consegui encontrar qualquer foto na Internet.
Em 1951 integra a equipa da Casterman e ilustra algumas das obras dos grandes clássicos da literatura mundial: Alexandre Dumas, Pearl Buck, Condessa de Ségur ou Madame le Prince de Beaumont.
Ilustra igualmente a colecção infantil Farandole.
Em 1954 inicia a sua colaboração com Gilbert Delahaye criando o universo da Anita. Nada fazia antever que, passado mais de meio século, iria continuar a ilustrar essa colecção.
A ideia partiu do director da Casterman que, ao ver o talento de Gilbert Delahaye para a literatura infantil/juvenil, pediu-lhe que escrevesse a história de uma jovem menina.
Logo após Gilbert ter afirmado que aceitava iniciar o projecto, a Casterman contactou Marcel Marlier, que vivia na mesma cidade onde a editora é sediada (Tournai), para ser o ilustrador da história. Marcel aceitou e, assim que recebeu o texto do primeiro livro, elaborou as ilustrações dando, então, um rosto à menina no primeiro da série que foi publicado em 1954 – "Anita na Quinta", no original "Martine à la Ferme".
Rapidamente o livro torna-se um sucesso estrondoso
Gilbert Delahaye
Escritor e poeta belga, nascido a 19 de Março de 1923, tornou-se conhecido por, aos 30 anos, ter criado a história de uma menina aventureira - a Anita.
Estudou em Tournai e, em 1944, foi trabalhar como tipógrafo para a editora Casterman.
No ramo da poesia Delahaye ganhou, em 1985, o prémio literário francês Prévert.
No ramo da poesia Delahaye ganhou, em 1985, o prémio literário francês Prévert.
Faleceu a 6 de Dezembro de 1997 e, a partir dessa data, quem passou a escrever as histórias de Anita foi Jean-Louis Marlier, filho do ilustrador Marcel Marlier que sentiu ser importante dar continuidade às aventuras. Quanto à escolha do novo autor, o ilustrador afirma: «Evidentemente que havia uma cumplicidade, porque, desde pequeno, ele viveu com a Anita. Por isso, era fácil manter o mesmo espírito».
As histórias foram-se sucedendo, e as ilustrações também.
Anita no Jardim
Anita no Jardim
Anita e a Festa de Anos
O Gato Pompom
E foi com imagens como as anteriores que aprendi a ler. Levada pela mão da minha Professora da Primeira Classe, a D. Maria Helena Gomes Lince, fiquei desde logo fascinada pelas belíssimas ilustrações. Seguiu-se-lhe o gosto pela leitura das histórias.
O gato Pompom era o meu preferido, mas até há bem pouco tempo, nunca havia conseguido arranjar um exemplar. No entanto, há alguns meses atrás, adquiri na Feira de Velharias aqui do burgo o tão cobiçado livro. Embora não esteja em perfeitas condições, mas pelo menos fiquei de posse das lindas ilustrações.
Mas continuando com Marlier:
- Em 1969, ainda na Casterman, cria a colecção Jean-Lou
et Sophie, da qual é ao mesmo tempo autor e ilustrador.
Marcel Marlier ilustrou sessenta livros da colecção Anita. A sua última aventura foi publicada em 2010 sob o título "Anita e o Príncipe Misterioso". Ao longo dos anos esta colecção vendeu 65 milhões de exemplares na língua original (francês) e 35 milhões em línguas estrangeiras, desde a Polónia, Indonésia, passando pela Coreia.
Marcel Marlier decidiu que a série não teria seguimento após a sua morte.
Breves imagens de Marlier
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Alexandra
ResponderEliminarConhecia os livros da Anita da casa de outros meninos e meninas durante a minha infância. A minha irmã teve dois ou três exemplares.
O meu conhecimento mais sério da obra deste ilustrador começou aos quarentas, quando comecei a comprar aos poucos quase toda a colecção à minha filha Carminho e a partilhar com ela o encanto pelas maravilhosas ilustrações. Algumas delas são pequenas obras primas.
Depois reler as Anitas com a minha filha foi um pouco como voltar a infância e rever as roupas com que os meninos se vestiam na altura, os penteados das senhoras e os electrodomésticos da época.
Há também uma componente utilitária nesses livros. Eu que cozinho mal, aprendi com a Anita que uma colher de sopa, equivale a 25 gramas, o que me tem dado um jeitasso para executar algumas receitas.
Mas, o que importa, foi que enchi os olhos da minha filha com imagens belíssimas, que ficaram para sempre e que certamente lhe irão moldar o gosto.
Um abraço